Herik e Lauren: devolvendo ao Brasil as taças de sua maior competição amadora. Fotos: Ueslei Costa/CBGolfe
Por | Ricardo Fonseca
A vitória de ponta a ponta de Andrey Xavier, e por dez tacadas de vantagem, não deixa dúvida que o Brasil tem definitivamente um novo ídolo no golfe. Uma semana depois de derrotar os melhores profissionais do Brasil no Grama Pro Invitational, com 17 abaixo do par, em 54 buracos, e sete tacadas de vantagem, Andrey obteve mais uma conquista acachapante, desta vez no 94º Latam e Delta Amador de Golfe do Brasil, encerrado neste domingo, 6 de julho, no Clube de Golfe de Brasília.
Único a jogar os quatro dias abaixo do par e a quebrar as 70 tacadas por três vezes, Andrey embocou um eagle e 20 birdies na semana mostrando que sabe “fazer poucas”, na feliz expressão que o Mestre Mario Gonzalez, o maior golfista brasileiro de todos os tempos, costumava usar para diferenciar os verdadeiros talentos do esportes. Tanto Mario, como Andrey, nasceram em Santana de Livramento, cidade gaúcha separada de Rivera, no Uruguai, por apenas uma avenida.
Virada na vida – Revelado em um projeto social ao lado da comunidade em que nasceu em Livramento, Andrey passou por alguns clubes antes de se mudar para o Clube de Golfe de Brasília, onde encontrou seu melhor jogo num cenário sem igual, o único campo de golfe desenhado por Robert Trent Jones no Brasil. Um clube criado graças ao urbanismo visionário do arquiteto Lúcio Costa, que tirou do papel o projeto do Paranoá, um grande lago artificial, que viria a ser um dos grandes cartões-postais de Brasília, e reservou em suas margens o espaço mandatório para o clube de golfe.
Andrey venceu com 272 (67-70-66-69) tacadas, 16 abaixo do par, e fez dobradinha com outro grande talento do golfe brasileiros: Herik Machado, do Damha Golf Club, de São Carlos (SP), campeão brasileiro de 2018, o vice-campeão com 282 (71-72-72-67) tacadas, seis abaixo. Por obra do destino, Herik nasceu na mesma comunidade de Andrey, em Santana Livramento, com suas casas separadas por poucos quarteirões de distância.
Mais destaques – Herik é outro que sabe “fazer poucas”, empatando com Andrey em mais voltas abaixo do par, também com um eagle e 20 birdies. Herik, número 2 do Brasil, 3 da América do Sul e 53 do mundo, errou mais, é claro, mas foi o único além do campeão a não ter nenhuma volta acima do par na semana. Mais um que encheria de orgulho o conterrâneo Mario Gonzalez.
Gonzalo Berlin, campeão brasileiro de 2005, que foi profissional em Brasília, antes de voltar ao amadorismo, não começou bem, mas jogou oito abaixo no final de semana para ainda terminar em terceiro, com 284 (76-72-68-68) tacadas, quatro abaixo. Tanto ele como Herik viraram o jogo no último dia sobre Eduardo Matarazzo, do São Fernando, que vinha em segundo desde a estreia, antes de devolver quatro tacadas nos oito buracos finais e terminar em quarto, com 285 (70-73-68-74), três abaixo.
Brasileiros – Ninguém mais terminou abaixo do par. Gui Grinberg, do Lago Azul, recuperou-se de uma volta desastrosa no sábado ao fazer sua melhor exibição no domingo, subir cinco posições e terminar em quinto, com 288 (71-73-76-68) tacadas, o par do campo. Ele dividiu a posição com Matheus Balestrin, do Porto Alegre Country Club, que só jogou acima do par na estreia e também terminou com 288 (76-71-70-71).
Desta vez, os estrangeiros, que venceram quatro dos oito campeonatos brasileiros anteriores, foram apenas coadjuvantes. Mesmo assim, ficaram com as seis colocações seguintes e foram metade dos 12 primeiros colocados. O torneio masculino começou com 47 jogadores, mas apenas os 30 primeiros passaram o corte, com 28 acima ou melhor, após 54 buracos, e participaram da rodada final.
Feminino – Na competição feminina, a vitória também de ponta a ponta de Lauren Grinberg, do Lago Azul, irmã de Gui, fez justiça a um dos maiores talentos recentes do golfe nacional, que nunca havia sido campeã brasileira adulta, apesar de cinco títulos nas categorias menores. Lauren foi campeã brasileira pré-juvenil em 2014 e 2015, e campeã brasileira juvenil em 2014, quando venceu as duas categorias, e em 2016 e 2018.
Mas o que era para ser uma vitória tranquila acabou tendo uma emoção que Lauren não gostaria, na volta final, quando ela jogou três acima de ida, com três bogeys, deixou a gaúcha Maria Antônia Gavião, a Tota, do Belém Novo, que começou perdendo por cinco, reduzir a diferença para apenas duas tacadas. Mas Lauren fez oito pares seguidos na segunda metade do campo e o bogey no 18 foi o suficiente para vencer com 297 (72-75-74-76) tacadas, nove acima do par.
Tota, que jogou o par de ida, subiu duas tacadas nos oito buracos seguintes e fechou o dia com birdie no 18 para jogar uma acima, a melhor volta feminina do domingo, e perder por apenas duas tacadas. Tota somou 299 (74-76-76-73), 11 acima, e dividiu o vice-campeonato com a chilena Agustina Gomez (75-77-7473). Maitri Peychaux, do Itanhangá, campeã brasileira juvenil, terminou num distante quarto lugar, com 308 (78-79-76-75) tacadas, empatada com a argentina Maria Cabanillas (83-77-73-75).
Patrocínio – O 94º Latam e Delta Amador de Golfe do Brasil, promovido pela Confederação Brasileira de Golfe, teve patrocínio da LATAM e Delta Airlines; apoio da Oracle, do Comitê Olímpico do Brasil e do Clube de Golfe de Brasília; e supervisão do Ranking Mundial Amador de Golfe (WAGR).