Charl Barnard, Christiaan Maas e Daniel Bennett: título inédito e primeiro pódio da África do Sul em 40 anos. Fotos USGA/Steven Gibbons
Dois sul-africanos da equipe da Universidade do Texas deram a seu país o primeiro título do Troféu Eisenhower, a competição masculina do Campeonato Mundial Amador por Equipes, que teve sua 34ª edição jogada em Cingapura, de 8 a 11 de outubro. A competição que teve o favorito time dos EUA lutando para escapar de sua pior colocação na história, marcou o retorno do Brasil à maior competição amadora do mundo, depois de ter ficado fora da edição anterior, algo que nunca havia acontecido nos dois anos anteriores.
No Mundial, valem os dois melhores dos três resultados do país, a cada dia, mas a África do Sul nem precisou de seu terceiro jogador. Christiaan Maas, número 6 do ranking mundial amador de golfe (WAGR), que teve o melhor resultado individual da semana, e Daniel Bennett, fizeram os melhores resultados sul-africanos nos quatro dias para vencer com 29 abaixo do par e oito de vantagem sobre o segundo colocado. Charl Barnard, o atual campeão Amador Sul-Africano, não conseguiu contribuir com nenhum resultado.
Maas, que fez apenas três bogeys em 72 buracos no campo do Tanah Merah Country Club, somou 266 (66-66-65-69) tacadas, 22 abaixo do par, e ficou a apenas uma tacada do recorde do torneio, 23 abaixo, que pertence ao espanhol Jon Rahm, desde 2014, no Japão, e igualou as marcas do argentino Alejandro Tosti, do francês Victor Perez e do australiano Lucas Herbert, que jogar 22 abaixo no Japão.
Ninguém mais jogou quatro voltas abaixo do 70. O australiano Declan O’Donovan foi vice-campeão com 276 (70-69-68-69), 12 abaixo, e o marroquino Adam Bresnu terminou em terceiro, com 278 (71-68-70-69), 10 abaixo, no desempate com o francês Oscar Couilleau (70-67-71-70). O sul-africano Daniel Bennett empatou em oitavo, com 281 (73-69-67-72). O melhor sul-americano foi o colombiano Tomas Restrepo, que empatou em 36º, com 289 (74-72-70-73).
Depois da vitória da equipe feminina na semana anterior, havia grande expectativa por uma dobradinha americana, como a que aconteceu em 1994. Mas os EUA, recordistas com 16 títulos do Troféu Eisenhower, estrearam mal, com 150 (75-75) tacadas e tiveram que fazer um torneio de recuperação para ainda empatar em 10º lugar e igualar a pior colocação americana na história do mundial.
Os EUA somaram 567 (150-139-139-139) tacadas, nove abaixo, para dividir o décimo lugar com o Japão (145-137-143-142). Mason Howell, campeão do US Amateur no The Olympic Club teve o melhor desempenho individual do time, empatando em 20º, com 284 (75-68-71-70) tacadas, quatro abaixo, enquanto Preston Stout (75-72-68-73) e Ethan Fang (75-71-73-69), empatavam em 28º, com 288, o par do campo.
Para o Brasil, a grande importância do evento foi o retorno do país ao Mundial Amador. Desde 1958, data da criação do Troféu Eisenhower, até 2022, o Brasil participou de todas as edições bienais do torneio, 32 vezes consecutivas. Isso só mudou em 2023, após uma alteração no regulamento que reduziu de 72 para 36 o número de participantes, o que deixou o Brasil fora da disputa em Abu Dhabi, em 2023. Na verdade, como a vaga era determinada pela soma dos dois melhores jogadores de cada país no WAGR, o Brasil vinha garantindo a vaga até Fred Biondi virar profissional e deixar a lista.
Mesmo com uma das mais fortes equipes das últimas edições, o Brasil terminou em 31º lugar com 584 (146-145-144-149) tacadas, oito acima do par. Andrey Xavier foi o melhor brasileiro, empatado em 51º, com 292 (73-75-71- 73), quatro acima. O estreante Eduardo Matarazzo ficou em 58º, com 293 (74-70-73-76), e Herik Machado terminou em 99º, com 304 (73-76-77-78), 16 acima.
Eudes de Orleans e Bragança, presidente da Confederação Brasileira de Golfe foi o capitão da equipe que teve ainda o coach Nelson Ribeiro. O Brasil competiu com apoio do Comitê Olímpico do Brasil, por meio da Lei das Loterias, e com recursos próprios da CBGolfe.
O Brasil já foi duas vezes medalha de bronze em mundiais. Primeiro no Troféu Eisenhower de 1974, no Campo de Golf Cajuiles, no La Romana, na República Dominicana, jogando com Jaime Gonzalez, Priscillo Diniz, Ricardo Rossi e Rafael Navarro e tendo Jesse Rinehart Jr. como capitão. Os EUA venceram e o Japão foi vice, apenas três tacadas à frente do Brasil. Jaime Gonzalez, foi o campeão individual, empatado com o americano Jerry Pate, que viria a ganhar o U.S. Open de 1976, dois anos depois.
O Brasil também foi medalha de bronze no Troféu Espírito Santo, em 1976, no Vilamoura Golf Club, em Algarve, Portugal, jogando com Beth Nickhorn, Maria Alice Gonzalez, Laura dos Santos e Yolanda Figueiredo, que acumulou o posto de capitã. O Brasil perdeu apenas para os EUA, o campeão, e para a França, que terminou em segundo lugar.
O Brasil tem ainda dois recordistas em participações em Mundiais: Beth Nickhorn , que esteve 13 vezes no Troféu Espírito Santo como jogadora e mais uma como capitã; e Roberto Gomez, que participou 12 vezes como jogador, além de outras duas como capitão. Desta forma, Beth e Gomez dividem a honra de ter representado o Brasil 14 vezes na mais importante competição do golfe amador mundial.